Visitas
O conhecimento ao serviço da técnica e da cultura
Na manhã do dia 24 de novembro de 2017 realizar-se-ão duas visitas, nomeadamente:
AQUEDUTO DA ÁGUA DA PRATA
A Água é um dos mais importantes elementos históricos da civilização. A sua abundância e salubridade permitiram a emergência das civilizações agrárias e o consequente desenvolvimento das primeiras comunidades urbanas.
Ebora, como muitas cidades de fundação romana, terá tido um aqueduto, ainda que mais nada restasse da sua memória do que a controvérsia literária. Só no final da década de oitenta do século XX, surgiram as primeiras provas indiretas da sua existência. Com efeito, a descoberta das termas romanas no subsolo do atual edifício dos Paços do Concelho, de uns tanques junto ao templo e de um tubo de canalização domiciliária com a marca da cidade – LIB IVL – veio revelar que o abastecimento de tais estruturas hidráulicas necessitara de um volume de água que nenhuma captação subterrânea local pode ter satisfeito integralmente. Recentes análises histórica, topográfica e arqueológica, esta última revelando inclusive os primeiros vestígios materiais dos «pegões» romanos com forte tradição literária na cidade, vieram comprovar inequivocamente a existência dessa perdida obra romana.
A primeira tentativa de trazer a água a Évora deveu-se a D. João II, um dos reis que maior afeição teve pela cidade. Diz um dos seus cronistas, o eborense Garcia de Resende, que o rei ordenou trazer à cidade a lagoa da Fonte da Prata, onde ja tinha muitas fontes compradas e feitas d' aboboda, e concertadas, e medida a agoa que aa cidade podia vir que era muita (Crónica de D. João II, C. LVI).
Porém, a obra do Cano Real da Água da Prata, depois de ter sido igualmente pensada pelo rei D. Manuel no final do seu reinado, só foi retomada definitivamente em outubro de 1533, durante a longa estadia do rei D. João III em Évora e sob a orientação do mestre das obras régias da Comarca, Francisco de Arruda.
Sabe-se hoje, com rigor, que a arcaria monumental foi erguida entre 1534 e 1537. Numa surpreendente sobrevivência da memória da obra e dos seus construtores, ainda existem gravadas nas argamassas de revestimento de muitos pilares, siglas, nomes e datas. Estas permitem ordenar cronologicamente a sequência da empreitada e aclarar que a mesma decorreu de montante para jusante.
Em 1535 a obra ultrapassa o vale onde se situa a atual estrada de Arraiolos (então a de Santarém). Aqui a arcaria do Aqueduto atinge o seu primeiro registo de monumentalidade, sublinhado pela torrinha do pilar central, onde a cúpula, de recorte ainda manuelino, contrasta com as formas 10 clássicas das pilastras e dos nichos concheados que abrigam as imagens modernas de S. Bruno e S. Bento, patronos dos dois mosteiros vizinhos.
A obra chegou ao interior da cidade pelos anos de 1535-36. Os majestosos arcos da Rua do Cano vão perdendo altura até alcançarem o Outeiro das Covas do Bispo, atual largo do Chão das Covas. Nesta zona, o casario popular acabou por se anichar nos recessos dos arcos, proporcionando uma das mais belas imagens da paisagem urbana de Évora.
Em 1536, estando a obra já nas imediações da Porta Nova, expropriaram-se casas e “chãos” para abrir caminho ao Cano em direção à Praça Grande, a atual Praça de Giraldo. No canto desta “Rua Nova”, provavelmente o arquiteto Miguel de Arruda, assinou uma das suas primeiras obras “ao romano”. Esta caixa de água em forma de pequeno templo clássico é o mais antigo projeto de arquitetura da cidade inteiramente lavrado segundo os modelos do Renascimento italiano.
Numa quinta‐feira de lava‐pés, dia 29 de março de 1537, a água da fonte da Prata, conduzida ao longo de 19 quilómetros desde as nascentes do Divor, chegou pela primeira vez à Praça Grande, ante o júbilo geral.
Porém, o projeto do Cano Real não terminou no chafariz da Praça Grande. Após chegar aos Paços Reais de S. Francisco, onde, cerca de 1539, foi edificada uma das mais notáveis caixas de água ao gosto do Renascimento, o Cano estendeu-se aos principais locais públicos da cidade. E quer a notável ação mecenática do Cardeal D. Henrique, quer a distante regência de Filipe II de Espanha, permitiram dotar a urbe eborense de magníficas fontes e chafarizes: fonte da Porta de Moura, 1556; fonte henriquina da Praça de Giraldo, 1571; fonte da Porta Nova, 1573, hoje situada no Largo de Avis, e fonte do Rossio de S. Brás, primeiros anos do séc. XVII.
A distribuição da água da Prata foi também alargada às casas religiosas e a particulares, através da doação, por alvará real. Nele estava definida a quantidade de água máxima a utilizar, medida a partir do registo, ou seja do diâmetro de um círculo desenhado no próprio alvará de doação. O primeiro donatário da água da Prata foi o Convento de S. Domingos, em 1546.
Apesar de ter sido sujeito a várias obras de beneficiação ao longo do tempo, o velho aqueduto quinhentista chegou muito arruinado às últimas décadas do século XIX, incapaz por isso de satisfazer o consumo de água da cidade. A partir de 1873 e depois de algumas reparações inconsequentes a estrutura hidráulica, entre S. Bento de Cástris e as nascentes do Divor, foi finalmente reconstruída segundo um novo modelo de conduta. Contrariamente à velha estrutura do século XVI, semienterrada e coberta por cascões de pedra grosseira, esta nova conduta foi coberta por abóbada de tijoleira e o seu interior, mais alto e arejado, revestido por um canal composto por telhões de encaixe macho-fêmea e espaldas protegidas por peças cerâmicas conhecidas por adobinhos. Mas a maior novidade foi dada pelas elegantes caixas de decantação e visita em forma de torrinha tronco-cónica. Além de portas de acesso e janelas de arejamento, foram dotadas de um canal suplementar para condução da água no seu interior, utilizável em caso de limpeza ou reparação a seco. Sobre a estrutura foram definidas duas faixas pedonais ladeando a abóbada, as quais, circundando as torrinhas, permitiam aos cantoneiros um percurso contínuo sobre o Aqueduto.
O Aqueduto da Água da Prata é hoje um património cultural que se funde com a própria memória histórica da cidade de Évora. Talvez que os eborenses já não dependem dele como outrora para o abastecimento público de água, mas a atração por este Monumento Nacional, é atualmente maior do que nunca, sublinhada de resto pela revalorização desde 2008 como percurso ambiental e agora eleito um dos 50 watch sites pelo World Monuments Found.
Cortesia:
EMPREENDIMENTO DE FINS MÚLTIPLOS DE ALQUEVA
O Empreendimento de Fins Múltiplos de Alqueva, EFMA, projeto concebido para proporcionar um desenvolvimento multissetorial no Sul de Portugal, conheceu em 2016 a sua completa infraestruturação de acordo com o seu desenho aprovado em 1993 e iniciado em 1995.
Ainda assim, 21 anos após o inicio da sua construção, o Projeto de Alqueva conseguiu encurtar em 9 anos o calendário previsto para a sua completa instalação.
E Alqueva veio mostrar que este é um projeto de sucesso, sendo exemplo ímpar em Portugal, principalmente no que à agricultura diz respeito.
A realidade mostra que este investimento público não foi feito em vão, a tal ponto que nesta data já se preparam novos projetos que permitam aumentar a área de intervenção de Alqueva, dos 120 mil hectares já concluídos, para 170 mil hectares.
Alqueva é um projeto único em Portugal. Foi o primeiro projeto concebido sob um ponto de vista pluridisciplinar, onde os seus objetivos se cruzam e assentam numa realidade nova na região: A água. Em termos de infraestruturas, foram criadas para cima de seis dezenas de pequenas e médias barragens e reservatórios. Foram construídos grandes adutores capazes de distribuir a água por todo o território de intervenção. Foram equipadas grandes áreas com infraestruturas de rega, beneficiando 120 mil hectares com garantia de água mesmo em períodos de seca prolongados. Foram otimizadas as barragens e canais do ponto de vista de produção hidroelétrica. Foi concebido um Plano de Ordenamento para as principais albufeiras com enfoco no Turismo. E foram sendo divulgadas as oportunidades de negócio aqui criadas.
A nova realidade do Alentejo chama-se Alqueva.
Cortesia:
As inscrições nas duas visitas devem ser efetuadas no secretariado, a partir das 14h30 do dia 21 de novembro até às 18h00 do dia 22 de novembro.
AQUEDUTO DA ÁGUA DA PRATA
A Água é um dos mais importantes elementos históricos da civilização. A sua abundância e salubridade permitiram a emergência das civilizações agrárias e o consequente desenvolvimento das primeiras comunidades urbanas.
Ebora, como muitas cidades de fundação romana, terá tido um aqueduto, ainda que mais nada restasse da sua memória do que a controvérsia literária. Só no final da década de oitenta do século XX, surgiram as primeiras provas indiretas da sua existência. Com efeito, a descoberta das termas romanas no subsolo do atual edifício dos Paços do Concelho, de uns tanques junto ao templo e de um tubo de canalização domiciliária com a marca da cidade – LIB IVL – veio revelar que o abastecimento de tais estruturas hidráulicas necessitara de um volume de água que nenhuma captação subterrânea local pode ter satisfeito integralmente. Recentes análises histórica, topográfica e arqueológica, esta última revelando inclusive os primeiros vestígios materiais dos «pegões» romanos com forte tradição literária na cidade, vieram comprovar inequivocamente a existência dessa perdida obra romana.
A primeira tentativa de trazer a água a Évora deveu-se a D. João II, um dos reis que maior afeição teve pela cidade. Diz um dos seus cronistas, o eborense Garcia de Resende, que o rei ordenou trazer à cidade a lagoa da Fonte da Prata, onde ja tinha muitas fontes compradas e feitas d' aboboda, e concertadas, e medida a agoa que aa cidade podia vir que era muita (Crónica de D. João II, C. LVI).
Porém, a obra do Cano Real da Água da Prata, depois de ter sido igualmente pensada pelo rei D. Manuel no final do seu reinado, só foi retomada definitivamente em outubro de 1533, durante a longa estadia do rei D. João III em Évora e sob a orientação do mestre das obras régias da Comarca, Francisco de Arruda.
Sabe-se hoje, com rigor, que a arcaria monumental foi erguida entre 1534 e 1537. Numa surpreendente sobrevivência da memória da obra e dos seus construtores, ainda existem gravadas nas argamassas de revestimento de muitos pilares, siglas, nomes e datas. Estas permitem ordenar cronologicamente a sequência da empreitada e aclarar que a mesma decorreu de montante para jusante.
Em 1535 a obra ultrapassa o vale onde se situa a atual estrada de Arraiolos (então a de Santarém). Aqui a arcaria do Aqueduto atinge o seu primeiro registo de monumentalidade, sublinhado pela torrinha do pilar central, onde a cúpula, de recorte ainda manuelino, contrasta com as formas 10 clássicas das pilastras e dos nichos concheados que abrigam as imagens modernas de S. Bruno e S. Bento, patronos dos dois mosteiros vizinhos.
A obra chegou ao interior da cidade pelos anos de 1535-36. Os majestosos arcos da Rua do Cano vão perdendo altura até alcançarem o Outeiro das Covas do Bispo, atual largo do Chão das Covas. Nesta zona, o casario popular acabou por se anichar nos recessos dos arcos, proporcionando uma das mais belas imagens da paisagem urbana de Évora.
Em 1536, estando a obra já nas imediações da Porta Nova, expropriaram-se casas e “chãos” para abrir caminho ao Cano em direção à Praça Grande, a atual Praça de Giraldo. No canto desta “Rua Nova”, provavelmente o arquiteto Miguel de Arruda, assinou uma das suas primeiras obras “ao romano”. Esta caixa de água em forma de pequeno templo clássico é o mais antigo projeto de arquitetura da cidade inteiramente lavrado segundo os modelos do Renascimento italiano.
Numa quinta‐feira de lava‐pés, dia 29 de março de 1537, a água da fonte da Prata, conduzida ao longo de 19 quilómetros desde as nascentes do Divor, chegou pela primeira vez à Praça Grande, ante o júbilo geral.
Porém, o projeto do Cano Real não terminou no chafariz da Praça Grande. Após chegar aos Paços Reais de S. Francisco, onde, cerca de 1539, foi edificada uma das mais notáveis caixas de água ao gosto do Renascimento, o Cano estendeu-se aos principais locais públicos da cidade. E quer a notável ação mecenática do Cardeal D. Henrique, quer a distante regência de Filipe II de Espanha, permitiram dotar a urbe eborense de magníficas fontes e chafarizes: fonte da Porta de Moura, 1556; fonte henriquina da Praça de Giraldo, 1571; fonte da Porta Nova, 1573, hoje situada no Largo de Avis, e fonte do Rossio de S. Brás, primeiros anos do séc. XVII.
A distribuição da água da Prata foi também alargada às casas religiosas e a particulares, através da doação, por alvará real. Nele estava definida a quantidade de água máxima a utilizar, medida a partir do registo, ou seja do diâmetro de um círculo desenhado no próprio alvará de doação. O primeiro donatário da água da Prata foi o Convento de S. Domingos, em 1546.
Apesar de ter sido sujeito a várias obras de beneficiação ao longo do tempo, o velho aqueduto quinhentista chegou muito arruinado às últimas décadas do século XIX, incapaz por isso de satisfazer o consumo de água da cidade. A partir de 1873 e depois de algumas reparações inconsequentes a estrutura hidráulica, entre S. Bento de Cástris e as nascentes do Divor, foi finalmente reconstruída segundo um novo modelo de conduta. Contrariamente à velha estrutura do século XVI, semienterrada e coberta por cascões de pedra grosseira, esta nova conduta foi coberta por abóbada de tijoleira e o seu interior, mais alto e arejado, revestido por um canal composto por telhões de encaixe macho-fêmea e espaldas protegidas por peças cerâmicas conhecidas por adobinhos. Mas a maior novidade foi dada pelas elegantes caixas de decantação e visita em forma de torrinha tronco-cónica. Além de portas de acesso e janelas de arejamento, foram dotadas de um canal suplementar para condução da água no seu interior, utilizável em caso de limpeza ou reparação a seco. Sobre a estrutura foram definidas duas faixas pedonais ladeando a abóbada, as quais, circundando as torrinhas, permitiam aos cantoneiros um percurso contínuo sobre o Aqueduto.
O Aqueduto da Água da Prata é hoje um património cultural que se funde com a própria memória histórica da cidade de Évora. Talvez que os eborenses já não dependem dele como outrora para o abastecimento público de água, mas a atração por este Monumento Nacional, é atualmente maior do que nunca, sublinhada de resto pela revalorização desde 2008 como percurso ambiental e agora eleito um dos 50 watch sites pelo World Monuments Found.
Cortesia:
EMPREENDIMENTO DE FINS MÚLTIPLOS DE ALQUEVA
O Empreendimento de Fins Múltiplos de Alqueva, EFMA, projeto concebido para proporcionar um desenvolvimento multissetorial no Sul de Portugal, conheceu em 2016 a sua completa infraestruturação de acordo com o seu desenho aprovado em 1993 e iniciado em 1995.
Ainda assim, 21 anos após o inicio da sua construção, o Projeto de Alqueva conseguiu encurtar em 9 anos o calendário previsto para a sua completa instalação.
E Alqueva veio mostrar que este é um projeto de sucesso, sendo exemplo ímpar em Portugal, principalmente no que à agricultura diz respeito.
A realidade mostra que este investimento público não foi feito em vão, a tal ponto que nesta data já se preparam novos projetos que permitam aumentar a área de intervenção de Alqueva, dos 120 mil hectares já concluídos, para 170 mil hectares.
Alqueva é um projeto único em Portugal. Foi o primeiro projeto concebido sob um ponto de vista pluridisciplinar, onde os seus objetivos se cruzam e assentam numa realidade nova na região: A água. Em termos de infraestruturas, foram criadas para cima de seis dezenas de pequenas e médias barragens e reservatórios. Foram construídos grandes adutores capazes de distribuir a água por todo o território de intervenção. Foram equipadas grandes áreas com infraestruturas de rega, beneficiando 120 mil hectares com garantia de água mesmo em períodos de seca prolongados. Foram otimizadas as barragens e canais do ponto de vista de produção hidroelétrica. Foi concebido um Plano de Ordenamento para as principais albufeiras com enfoco no Turismo. E foram sendo divulgadas as oportunidades de negócio aqui criadas.
A nova realidade do Alentejo chama-se Alqueva.
Cortesia:
As inscrições nas duas visitas devem ser efetuadas no secretariado, a partir das 14h30 do dia 21 de novembro até às 18h00 do dia 22 de novembro.